quinta-feira, 29 de abril de 2010

Por que não sou um comediante?




Durante quase toda minha vida fiz milhares de tentativas de me tornar um comediante. Apresentei-me em clubes, diverti alguns amigos que, por educação riam com bastante afinco das besteiras que eu falava.
Hoje, após uma analise crítica, já desisti de meus sonhos. Não pense que sou um derrotado ou qualquer coisa parecida. Muito pelo contrário, me considero um sujeito de inteligência acima da média.
Avaliei todos os comediantes bem sucedidos e cheguei a algumas conclusões que impedem, por mais esforço que eu faça, de me tornar um comediante de verdade.
O primeiro deles é ser judeu. Eu não nasci judeu, nem tive a “felicidade” de me apaixonar por uma judia. A meu ver, estes são as duas únicas maneiras de se tornar um judeu.
Não adianta ter sido batizado na Igreja Católica e, depois de velho descobrir um milhão de “sujeiradas” que ela andou fazendo pelos últimos séculos, comprar um monte de livros sobre Budismo, passar a idolatrar as vacas ou explodir tudo pensando nas 72 virgens.
Você simplesmente não terá paciência de estudar aquilo só para trocar de religião. Lembre-se que ter sido “iniciado” em qualquer religião é como ter um diploma em jornalismo. Você pode até ter uma, mas não precisa para escrever em um jornal.
Não que eu goste de judeus, simpatizo por eles tanto quanto por um católico ou um jamaicano. Verdade. Pouco me importa se você acha que o salvador já veio, se ele está por vir ou se o salvador para você é um baseado.
Mas, caso você seja judeu e, por conseqüência acredite que o salvador ainda está por vir, por favor, ore e peça que ele venha no máximo até o próximo feriado. Todos hão de convir que é bom apressá-lo ou será tarde demais.
Outro requisito básico para ser um comediante é que qualquer um deles mora em Manhatan. Eu até tentei ir até lá umas duas vezes, mas logo na primeira o pessoal da imigração riu da minha cara, tacou a mala na minha cabeça e falou que eu não tinha onde cair morto, quanto mais dinheiro para ir morar em Manhatan. Nunca ouvi tamanha ofensa!
Da segunda vez, eu me enfiei numa lata de sardinha com um casal de mexicanos e um tal de F.Castro que, graças a quantidade de fumaça emanada de seus charutos, fomos facilmente encontrados pela imigração.
O último fator para ser considerado um comediante é que, antes deles se tornarem ricos e famosos, todos pertenciam à classe média da sociedade. Eu ainda teria que enriquecer muito para ser considerado um integrante da mesma.
Se é pra juntar dinheiro, prefiro utilizá-lo para aproveitar a vida e rir dos outros, ao invés de ficar aqui, falando um monte de bobagens enquanto você toma seu whisky.
No final das contas, ou enriqueço e me junto a vocês, pagando a próxima rodada de whisky e dando-lhes tapinhas nas costas, ou fico na miséria e desisto dessa idéia idiota de ser comediante.



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