“Sabe qual a diferença entre um idiota e um imbecil”? “Muitos anos atrás, o idiota cercou um espaço de terra qualquer e disse que ele era dono de tudo aquilo. O imbecil respeitou o que o idiota disse”.
Pode parecer que estou fazendo piada, mas existe muita sabedoria nesta frase que ouvi há algum tempo. Além do mais, ela nunca fez tanto sentido (para mim) quanto ao ver fotos de alguns amigos no Facebook em festas de Reveillon.
Sempre que o final do ano se aproxima é a mesma estória para nós, cariocas: Ficamos enrolando até novembro para decidir onde (e com quem) vamos passar a virada. Somos assim por natureza; não gostamos de nos planejar com antecedência, decidimos as coisas em cima da hora e pronto.
Alguns decidem viajar, outros ficam em casa longe de qualquer confusão e outros compram ingressos para festas badaladas. Não condeno nenhum amigo que paga trezentos, quinhentos ou mesmo oitocentos reais por uma festa. Respeito a opção de cada um e penso (juro por Deus que penso) “que bom que fulano está tão bem de dinheiro que pode gastar R$500,00 numa noite”.
Confesso que não me imagino com aquela “neurose” inerente aos freqüentadores destas festas: Tem que chegar cedo, beber e comer muito como se alguém conseguisse beber e comer por 6 horas seguidas e pior, como se isso fosse compensar a quantia paga. Mas a verdade a própria pessoa já sabe: Nem que saia da festa em coma alcoólico, ela compensará os 300 reais que gastou.
O absurdo se deu quando, há alguns anos, um grupo de sujeitos decidiu montar um “cercadinho” na praia do Leblon (isto mesmo, na areia). Separaram tudo com cavaletes, contrataram seguranças, colocaram DJ, comida e bebida e cobram os olhos da cara pela entrada. Entrada esta para um lugar PÚBLICO! Estes aí são os idiotas do novo século.
Nas outras festas, imagino que os organizadores paguem pelo menos um aluguel a um clube, por exemplo, o que justifica um valor um pouco mais alto. Isso sem contar que o público dessas outras festas está pisando efetivamente num chão, sólido, não na areia da praia.
Outras pessoas pagam um preço alto para estar dentro daquele cercadinho – muitas vezes até mais do que é cobrado em outras festas – para ficar num lugar que, mais uma vez vale à pena lembrar, é PÚBLICO.
Desculpe-me pela impaciência, mas tenho uma mensagem a vocês, que foram nesta tal festa do Leblon: Pouco me importa se vocês beijaram dez mulheres, comeram três e essa foi a melhor festa que vocês já foram na vida. Vocês são os imbecis do novo século.
2 comentários:
Não vou falar o óbvio e dizer que tem pai de família que não ganha isso em 3 meses, mas se vc tem R$ 1.000,00 pra gastar numa noite, pelo menos gasta viajando... conhecendo outra cultura ou a sua própria. Aposto que com essa quantia, você consegue viajar e conhecer outras pessoas e outros lugares por uma semana pelo menos. Na minha cabeça é mais honesto... e menos egoísta!
A verdadeira questão que vcs ainda não entenderam é que, a desigualdade no Brasil faz com q pra algumas pessoas gastar R$1000 numa festa seja simplesmente irrelevante para a sua saúde financeira. Não importa se um pai de família pobre ganha isso em 3 meses, ou se um chinês ganha em um ano. O rendimento familiar dessas pessoas pode ser 20, 30, 100 vezes maior do que o preço da festa.
O argumento de que ele podia aproveitar a grana em outras coisas não é valido, afinal essa pessoa não precisa economizar pra se quiser viajar. Ela simplesmente vai quando quer.
Garanto que uma festa dessa é menos impactante do que o vício em cigarro ou bebida de um pai de família com 3 ou 4 filhos, e com rendimento de 1 ou 2 salários mínimos mensais. Isso sim afeta a vida dele.
Não quero convencer ninguém a ir numa festa dessas. Não organizo nenhuma e minha vida não mudará uma vírgula em função disso.
Só não acho que quem foi é um imbecil, idiota (seja lá qual for a diferença entre os dois) ou egoísta.
Pra terminar e esclarecer, não, não fui em nenhuma festa. Em 2010. Em 2011, quem sabe não vou com um de vocês?
Beijos
Paris Hilton
Postar um comentário