segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Vingança de Tarantino

Tenho dois problemas com filmes sobre o nazismo:

O primeiro é que os filmes sobre esta temática já foram feitos aos montes então já os considero extremamente cansativos e/ou repetitivos. Outro problema é que os personagens são simples e superficiais: os judeus são bons e alemães maus e por isso perderam a guerra.

Não me interprete mal: não sou a favor do nazismo, muito pelo contrário, mas todos sabem que a história é (e sempre será) contada pelos vencedores. Não vim aqui falar da 2ª Guerra ou o nazismo em especial, mas sim sobre filmes.

Ontem passou “Bastardos Inglórios” no Telecine e pude, pela primeira vez, rever algumas partes do filme. Ele é filmado por Quentin Tarantino, diretor este que considero extremamente superestimado pelo público e crítica no geral. Confesso que este era o real motivo que me levou ao cinema – queria malhar no trabalho do cara, mais uma vez.

Lembro-me bem quando, conversando sobre “Bastardos” com um amigo fascinado pelo diretor, ele deu seu veredito “Este filme é nota 8+”.

E eu perguntei “Que porra é essa de mais? Agora existe oito menos também”?

E ele respondeu “Não. Há um crítico de vinho que dá algumas notas com o sinal de positivo, alegando que com o tempo, aquele vinho pode melhorar”

“Então você acha que Bastardos Inglórios pode melhorar com o tempo? O Filme já não está feito e editado”?

“Está feito, mas minha opinião – e você verá que na sua também - pode melhorar a respeito do filme com o tempo”.

E no fim das contas, ele tinha razão. A longuíssima cena do Bar e uma das últimas - dentro do cinema são espetaculares! Atentem também para um personagem único, o nazista “Landa” que fez com que o ator ganhasse (de maneira justíssima) o Oscar do Ano Passado por ator coadjuvante.

Vocês sabiam que Tarantino escreveu o roteiro e chegou a pensar em vendê-lo (ao invés de filmá-lo) porque não encontrava um ator que falasse fluentemente as quatro línguas faladas por Landa durante o filme? Pois é, por pouco não conhecemos a "visão" cinematográfica de "Bastardos Inglórios" pelo seu próprio roteirista.

Muita gente criticou “Bastardos” sob o argumento de que “não reproduz a realidade”. É óbvio que não reproduz a realidade. Se reproduzisse, seria um documentário e não um ficção! Tarantino até poderia aproximar-se mais da realidade, mas essa é uma escolha que cabia a ele tão-somente. Tenho que admitir, desta vez Tarantino acertou a mão!

Como todos os assinantes do Telecine devem saber este mês “Bastardos Inglórios” será reproduzido a exaustão, então não percam a oportunidade de assistir este grande nota 10!

Obs. Desculpem por não comentar mais sobre o filme, mas prefiro fazer observações superficiais de maneira que o texto seja entendido por todos aqueles que assistiram os filmes e não estrague a surpresa quanto àqueles que ainda não assistiram.

Um comentário:

Zé Pequeno disse...

Acho que a beleza dos personagens do Tarantino são as formas incomuns que ele cria. E apesar de concordar com o que você disse sobre filmes que retratam a segunda guerra, esse não poderia se mais original!


Filmaço mesmo!

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