quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ricardo Boechat - O Sábio

Muitas pessoas são assaltadas todos os dias. Outras tantas assassinadas. Nada mais natural que o “cidadão comum” se incomode ao saber que isso ocorre sempre e só quando alguém famoso / importante é assassinado ou assaltado é que isso vira notícia e as autoridades resolvem tomar providências.

Talvez esse incômodo nos leve a refletir se o assalto que seu amigo sofreu no mês passado será investigado pela Polícia com o mesmo afinco que o assalto ao Zagallo. É humano nos questionar se o assassinato da juíza na semana passada será averiguado com o mesmo cuidado que o homicídio de um “cidadão comum” que reagiu a um assalto, por exemplo.

A resposta é negativa. É lógico que certas pessoas que se destacam em determinadas áreas tem uma atenção maior não só da Polícia, mas de todo Poder Público. Ou você acha que o fiscal verifica com a mesma severidade seu Imposto de Renda e o do Ricardo Teixeira?

Asseguro-lhes que Juízes e o Ministério Público não descansarão enquanto o homicídio da magistrada Patricia Acioly não for desvendado, até porque eles consideram que tal ato foi uma afronta a própria Instituição que representam.

Não é justo que haja tratamentos diferentes para crimes que tiveram resultados iguais. A juíza morreu porque investigava e punia “maus policiais”. Temos 21 motivos, 2 carros e 2 motos para acreditar que foi crime premeditado e se tratava de queima de arquivo. O fulano que reagiu a um assalto teve outra conduta, mas o mesmo resultado: a morte.

Num Estado Democrático de Direito, o mínimo que se espera de um juiz é que ele tenha a liberdade – mais que liberdade, eu diria que é um dever de sua função – de averiguar provas e punir, se necessário, QUEM QUER QUE SEJA pelo cometimento de um delito.

Mas, ao invés achar que ela morreu porque “estava devendo” ou ficarmos fazendo julgamentos antecipados, a sociedade deveria fazer como as instituições que mencionei agora (Os Magistrados e o Ministério Público) e GRITAR a cada vez que um crime como o homicídio acontece com um “cidadão comum”.

Como bem disse Ricardo Boechat, infelizmente "somos uma sociedade de merda" e, ao invés de ficarmos horrorizados com o assassinato de uma juíza, ou nos sentirmos impotentes diante das atrocidades que se comete ao cidadão comum, esperamos que o homicídio de uma juíza tenha a mesma punição que todos os outros, ou seja, nenhuma punição.

Não está errado que se investigue atentamente o assassinato de uma juíza. O que está errado é a impunidade que ocorre nos atos dos que atacam as pessoas comuns.

4 comentários:

Zé Pequeno disse...

Concordo que todo ato que atente para a vida de uma pessoa é de igual importância. Só não concordo quando ele diz que devemos nos juntar à causa quando não sabemos o que estamos apoiando.
Não sei ainda se a Sra. Juíza foi morta porque aplicava a Lei com rigor e punia severamente quem deve ser punido de tal maneira, ou se estava envolvida em situações à margem da sua atividade.
De uma forma ou de outra, óbvio que o assassinato é passível de punição rigorosa (nesse caso penso até em pena de morte). Mas assim como Boechat não grita pela morte de qualquer um, não devo gritar pela morte de alguém que não sei com o quê ou quem estava envolvida além da sua funçao de magistrada.

Sunda disse...

Sem compara-los, a argumentação do Boechat já havia sido dita pelo Ratinho meses atras falando que a sociedade só faz marcha pra sacanagem, coisa seria ele se esconde.
O brasileiro é um povo castrado, muitos nao fazem manifestação contra politicos, criminosos e outros por serem ameaçados tambem.Medo de se tornar a proxima vitima.
O assassinato dessa juiza deve ser investigado e achados os culpados porque ela fazia isso, o que causou sua propria morte.

Mazitu disse...

Zé, segundo esta lógica, só deveríamos "gritar"pelos nossos familiares e amigos mais próximos, certo?! Com tantas evidências contrárias, não é normal que se presuma que ela era pilantra...

Concordo, Sunda! Acredito que haja diversas razões (inclusive históricas) para que o brasileiro seja "castrado", mas nenhuma delas justifica isso.

Zé Pequeno disse...

definitivamente Mazitu, você não entendeu o porquê da crítica ao Boechat. Não é pelo fato dele defender a Juíza. É pelo fato dele criticar quem não apoiou o movimento que cobrava justiça diante do incidente. Eu pelo menos só levanto uma bandeira quando sei o que envolve a causa. Senão, do contrário, você é só marionete!

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