quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Humor ou Exagero?

Alguns anos atrás, os humoristas do Programa “Pânico” aterrorizavam as celebridades com as “Sandálias da Humildade”. A escolha do nome famoso era feita de modo aleatório pelos apresentadores do programa (ou da direção do mesmo). Quem quer que eles considerassem “metidos” ou “nojentos” poderia ser alvo do referido quadro.. Ao calçar as sandálias, ao menos num sentido metafórico, o tal famoso demonstraria modéstia.

Outro problema era a maneira que o quadro era conduzido. Os apresentadores faziam perseguições de carro muitas vezes perigosas e chegaram até a usar uma escada para invadir um apartamento. Quando finalmente a celebridade fosse “interceptada” era coagida de uma maneira tal que se sentia obrigado a calçar a tal sandália. Em determinada ocasião, Jô Soares reclamou dizendo que as sandálias da humildade não podiam virar sandálias da humilhação.

Hoje o Programa “CQC” tem um quadro chamado “Proteste Já”. Nele, um cidadão denuncia uma situação em que o Poder Público age com negligência (no mínimo) e o repórter vai buscar respostas e cobrar providências e prazos da autoridade política para solução da questão – algo que é perfeitamente legítimo e poderíamos dizer até mesmo que faz parte do papel da imprensa.

Ao se comprometer, o sujeito que está sendo cobrado – que normalmente é um assessor do político – é COMUNICADO que o repórter pegará um objeto que pode ser um quadro, um objeto decorativo, a gravata ou mesmo o próprio cinto do sujeito como forma de garantia de que aquele prazo será cumprido. Mais uma vez, o indivíduo fica indefeso frente às lentes da câmera e não ousa a contrariar o conhecido repórter.

Um político pode e deve ser perguntado sobre qualquer aspecto de sua governança, mas não ser obrigado a fazer papel de palhaço, se submetendo a qualquer achincalhação para ficar bem com o povo e não perder votos.

Um artista deve conceder entrevista, mas também tem o direito de sentir-se ofendido com determinados comentários acerca de sua vida pessoal. Ninguém acorda de bom humor todos os dias do ano.

“Pânico” e “CQC” vêm abusando da popularidade que têm para OBRIGAR o entrevistado a fazer o programa bem entende, incluindo dançar o rebolation. É claro que ver um artista conhecido dançar o rebolation pode ser engraçado para os espectadores, mas é constrangedor ver a forma como são tratadas as pessoas que se negam a fazer o que os tais repórteres mandam.

Essa popularidade exagerada é nociva ao ego do repórter, que acha que pode fazer tudo porque tem um microfone na mão e a prejudica a qualidade do programa, que acaba virando um show de horrores e baixaria. Isso também é válido em nome da audiência? Isso também é humor?


Um comentário:

Sunda disse...

Concordo. Muitas vezes esses caras faltam respeito com o trabalho dos politicos e artitas. Comediantes são eles, nao os entrevistados.

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