segunda-feira, 10 de maio de 2010

Filho de peixe...

Há alguns séculos atrás, reis eram escolhidos pelo critério da hereditariedade, passando o poder de pai para filho, geralmente o mais velho deles. Um aspirante a artista, por sua vez, para ser considerado artista passava pelas piores provações possíveis e imagináveis.

Os que se diziam “artistas” tinham que passar horas e horas na rua, muitas vezes dormindo em lugares sujos e outras tantas passando fome até que alguém com “visão” tropeçasse neles e pudesse identificar algum tipo de talento.

Hoje, tirando alguns exemplos como o da Rainha da Inglaterra e os casos de Nepotismo no Congresso Nacional Brasileiro, ninguém mais acredita nessa estória de transmissão de poder de pai para filho.
O que vemos na mídia hoje é algo bem semelhante ao que ocorria com os reis de séculos passados. Quando um artista se destaca, já vou logo para internet procurar saber de quem ele é filho ou neto.
Olhem a Preta Gil, por exemplo. Passou a vida sendo alimentada a pão de ló (literalmente) e, num belo dia de sol, resolveu que era cantora! Aí regravou uma ou outra música de sucesso, foi para a mídia provavelmente após algumas concessões do pai – que à época era Ministro da Cultura e está aí agora, com programa de TV e tudo. Se a perguntarem, ela vai dizer que merece e lutou muito por isso. E algum de vocês acredita?
No Carnaval, ela trouxe um bloco de carnaval para o Rio. Distribuiu pulseirinhas Vips (coisa que nunca existiu por aqui) e transformou uma Rua do Rio num camarote da Brahma, onde só o que importa é o que você veste e quem te conhece. Isso parece besteira mas, assim como as praias, o Carnaval de rua do Rio é mundialmente conhecido por ser um lugar onde o pobre diverte-se ao lado do rico e as diferenças sociais, ainda que por algumas horas, não parecem ser tão grandes assim. Quem é a Preta Gil para tentar mudar isso?
Tive outro exemplo disso a cerca de um ano. Sou um cara eclético e outro dia estive num show do grupo Revelação. Para quem não conhece a diferença entre samba e pagode, vamos dizer que o Grupo Revelação é exatamente a linha tênue que os separa. Você pode até não gostar, mas saiba que os caras foram criados na Zona Norte do Rio e batalham desde 1991 para alcançar algum sucesso, que só veio quase uma década depois.

Pois bem, quando estava pronto para entrar no lugar onde seria realizado o show, tive uma surpresa. Descobri que estava programada uma participação especial de “Diogo Nogueira”. À época eu não sabia quem era o sujeito, mas conhecia de onde vinha seu sobrenome.

Sobrenome vinha de João Nogueira (pai de Diogo) é um dos sambistas mais talentosos e respeitados no país. Não dá para falar de samba e não falar de João Nogueira. Assim que bati o olho e vi apenas o sobrenome, não pude deixar de torcer o nariz.

Durante o show, os caras do “Revelação”, como sempre, espancando seus instrumentos, colocando suas almas e o Diogo cantando constrangido, como se tivesse sido posto por alguém ali, o que provavelmente aconteceu. Apesar da velocidade do conhecido “partido alto”, o cantor mantinha-se como se estivesse declamando um samba mais romântico, provavelmente o único jeito que é capaz de cantar.

Hoje, quando vejo o Diogo Nogueira se apresentar no Faustão ou mesmo quando abro um jornal e lá está sua foto, bato no peito e digo, com muito orgulho: “Você nunca me enganou”. Aliás, entre meus amigos chamamo-lo carinhosamente de “Me engana Nogueira”.
Não estou aqui dizendo que qualquer pessoa que é filho de alguém famoso não tenha talento, mas apenas para que você atente para todos os exemplos a sua volta: Maria Rita, Bruno Mazzeo, Jaden Smith, Sandy e Junior, Lisa Marie Presley, Sasha, Edinho (filho do Pelé), Paloma Duarte, Sean Lennon, Wanessa Camargo, Fiuk, Kelly Osbourne.

Será que todos estes foram agraciados por Deus com o talento dos pais?! Talento é uma coisa rara. Para que surja um João Nogueira, a humanidade tem que ver (e agora ouvir) milhares e milhares de Preta Gil. É uma pena que milhares de pessoas não consigam enxergar isso.

2 comentários:

Zé Pequeno disse...

pra essas "artistas" o ditado que se aplica é: "filho de sapo, girino é!"

explicando: vão demorar muito pra chegar nos pais... se não virarem comida de peixe antes!! hahahaha

Anônimo disse...

que micão...
cachotada braba foi éssa kkkkkkkkkk

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