terça-feira, 18 de maio de 2010

Amizade Juvenil





Você está andando na rua quando encontra aquele camarada que estudou contigo há alguns milênios. Não tem nenhuma idéia do nome dele. Ele te pára, fala alguma coisa logo após pronunciar seu nome. Você o olha sem graça e continua a não fazer idéia de quem seja.

Tente repor os cabelos que o tempo levou, tirar a barba que a maturidade trouxe. Enfim, fazer as possíveis e impossíveis combinações com o rosto do sujeito na maior velocidade possível.

Observe bem fatores que o fariam reconhecê-lo, em especial os defeitos físicos. Com sorte e percepção, é através destes que você conseguirá lembrar quem ele é. Ninguém consegue esquecer a orelha do melhor amigo da quinta série que recebia diversos petelecos só por ser de um tamanho desproporcional ao resto do corpo.

Após o reconhecimento feito (ou um amistoso pedido de desculpas) vocês partem para um abraço e para as novidades: “to com um muleque e tal...“ quando na verdade o teu filho já está comendo a empregada...

Eventualmente ele vai te falar sobre um mega empreendimento genial que não deu certo - claro, nunca será pela incompetência do seu amigo, mas sim por um caso fortuito que cinco minutos depois você não mais se recordará.

Vocês chegam até a trocar telefone, mas a verdade é incorrigível: Antes, vocês não mantiveram contato porque NÃO QUISERAM. O que te leva a crer que algo mudará agora? O máximo que poderá acontecer é vocês saírem, tomarem um puta porre, falar mal das mulheres que tem em casa (ou das que tiveram) e nunca mais se verem. A menos que se esbarrem na rua novamente e recomecem o procedimento previsto lá no inicio do texto.

Sei que essa “puxação de saco”, quando realizada no âmbito profissional, leva o nome de networking e você pode até conseguir me convencer de que é útil, especialmente agora, que estou desempregado. Mas, quando se trata da sua vida pessoal, não faz o menor sentido.

Por algum acaso você vai sair de férias com o craque de queimado da terceira série que virou biblioteconomista? E com o melhor batedor de bafo de todo ensino fundamental que virou alcoólatra jogador de purrinha? Não, não vai.

Então por que não podemos apenas levantar a sobrancelha e seguir adiante? Por que temos que fingir que gostamos de rever aquele amigo da época do colégio se, nem você e nem ele quiseram manter contato?


Um comentário:

Anônimo disse...

Valeu, Mister Simpatia!
Caiçara

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