sábado, 18 de setembro de 2010

Michel GOnDry

Na hora de escolher um filme, como regra geral, podemos dividir nossa escolha em duas grandes categorias. Na primeira categoria estão os filmes de norte-americanos e na segunda os filmes produzidos no restante do mundo.

A Primeira categoria surgiu para o cinema no inicio do século passado, quando produtores migraram para Hollywood, distrito da cidade de Los Angeles, em busca de luz natural. Naquela época, a iluminação artificial era escassa e extremamente cara.

Dado o imperialismo norte-americano praticado religiosamente ao redor do planeta, este “tipo” de cinema é mais conhecido por grande parte da população do globo que, seja pela falta de conhecimento, seja pela falta de variedade disponível, acaba assistindo qualquer coisa (mesmo!) que seja produzida em Hollywood.

É um cinema essencialmente novo, que transforma qualquer filme lançado a mais de dois anos em relíquia jurássica e que se fecha em torno da mesma meia dúzia de atores como protagonistas, diretores e provavelmente do pessoal que faz o “trabalho pesado” atrás das câmeras. São filmes que tem orçamento maior que o PIB de muitos países e podem se dar ao luxo de ter, já que o retorno que a bilheteria traz a esses grandes estúdios acaba sendo maior do que todo dinheiro gasto para realização do processo.

A segunda categoria é como o primo pobre da primeira, que acaba sobrevivendo muito mais de boas idéias do que propriamente de grandes orçamentos. A quase totalidade da exibição é realizada no próprio país em que o filme foi filmado e, um eventual reconhecimento notório ocorre por fatores aleatórios, como o sucesso de algum de seus atores participantes (realizando outro trabalho, claro), a qualidade do roteiro ou a universalidade do tema que é tratado no filme.

Para os seguidores da primeira corrente, qualquer pessoa que se dispõe a assistir alguma coisa de fora do circuito holywoodiano já é taxado de intelectualóide ou crítico de cinema. É o famoso “Lá vem Fulano com seus filmes cults”. Alegam que os cinemas de outros países somente apresentam desgraça, miséria ou um tema tão introspectivo que dá até preguiça de começar a assistir. Não se aprecia o filme como arte, tão-somente como diversão.

Já os seguidores da segunda corrente criticam os filmes holywoodianos pela mesmice em que as estórias giram, pela superficialidade dos temas e personagens, além da criação de um falso mundo de glamour onde atores tornam-se celebridades mundiais e fazem as coisas mais baixas para manterem-se sob os clicks das grandes angulares. Para esta segunda corrente, só o que importa é o cinema como arte, não tanto como diversão.

Algumas tentativas foram feitas a fim de buscar interseções entre estes dois grupos. Pode-se observar hoje o aumento da quantidade de filmes cujas produções são realizadas em parceria de dois ou mais países ou mesmo quando diretores ou atores saem temporariamente do foco do mercado hollywoodiano para realizar um projeto pessoal.

Decididamente, nada que foi produzido até então conseguia efetivamente juntar o melhor dos dois mundos e éramos nós, os espectadores, que mais sofríamos com a perda de horas preciosas das nossas vidas e as frustrações de ver que ainda não foi dessa vez.

Até que surgiu Gondry. Talvez você não esteja familiarizado com o nome, mas Michel Gondry é um francês que vem atuando no mercado de Hollywood a alguns anos e nos deu a esperança de que é possível aliar essas qualidades.

O primeiro filme que eu vi de Michael Gondry como diretor foi Brilho Eterno de uma mente sem lembrança que na época me impressionou tanto a ponto de considerá-lo como a melhor coisa que vi nesta década, seja pela maneira em que a estória se desenvolve ou pela inventividade das coisas que vi.

Tentei não me deixar encantar e, cético, fui procurar outros trabalhos do diretor. Descobri que ele fez alguns videoclips, mas não me interessei em assisti-los, já que não me sinto capaz de julgar o trabalho de alguém pelos concisos três ou quatro minutos que duram uma música.

Depois assisti Rebobine, por favor, uma estória simples na qual Gondry apresenta dois sujeitos atrapalhados apagam o conteúdo dos VHS de uma locadora e se dispõem a refilmar os filmes, para que os clientes não alertem o dono da loja sobre o ocorrido.

Como eles não tem orçamento hollywoodiano para (re)elaboração daqueles filmes, acabam improvisando os figurinos e as cenas de grandes clássicos do cinema. E é aí que o filme toca. Dificilmente se encontra uma idéia realmente criativa, especialmente em se tratando desta categoria de filme – a comédia.

Pode até ser que você os assista e não se encante tanto quanto eu me encantei, mas uma coisa é certa: Você não pode negar a criatividade contida nesses trabalhos. Quando o filme terminou, confesso que fiquei com a frase “Como foi que ninguém pensou nisso antes?” martelando na minha cabeça. Fiquem com dois comerciais deste diretor que está fazendo a cabeça de Holywood.





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