quinta-feira, 10 de junho de 2010

"Procura-se Atacante"




Assistindo um programa de esportes ontem na TV, deparei-me com uma discussão interessante relativa à naturalização dos jogadores de futebol. O “debate” na Sportv teve opinião uníssona e que essa questão é apenas reflexo da globalização no mundo. Sinceramente, não sei para que tantos comentaristas, já que todos falam a mesma coisa.

Segundo os especialistas do canal, a FIFA nada poderia fazer além de impor regras para evitar a total barbárie. Uns mencionaram a proibição, para o atleta que já atuou pelas categorias de base, de vestir a camisa de outro país.

Pois bem, outro argumento apresentado era de que o atleta deveria morar no país por um tempo pré-determinado. Também disseram outras coisas como “os brasileiros que atuam por outro país não deixaram de ser brasileiros” (que o diga o zagueirão “nipônico” que quase tirou o Drogba da Copa).

Os especialistas em Direito que me corrijam se estiver errado, mas a nacionalidade, ao menos no Brasil, não é cumulativa. Excetuando-se alguns casos excepcionais, uma vez que você adquire nacionalidade diversa, está automaticamente abdicando da nacionalidade brasileira.

Nesta Copa do Mundo encontramos 76 casos de naturalizações e, dentre esses, oito jogadores nascidos no Brasil que atuam por outras seleções. Este número, que cresce em escala exponencial, vem preocupando a FIFA que já preparou um Congresso nesta quarta-feira para discutir a questão.

Do meu ponto de vista, acredito que os casos devem ser tratados de maneira individualizada. Há um volante brasileiro atuando pela seleção dos Estados Unidos chamado Benny Feilhaber. Ele, apesar de ter nascido no Brasil, foi para os EUA aos 6 anos de idade. Alguém aqui em sã consciência acha que ele deva ser impedido de jogar pela seleção americana?


Muito diferente, porém, é o caso do brasileiro Liédson que, tendo feito toda sua carreira de jogador aqui no Brasil e atuado em grandes clubes como Flamengo e Corinthians, foi para Portugal com quase 30 anos de idade.Uma vez que a posição de atacante em Portugal é bem escassa, Liédson e a Federação Portuguesa de Futebol aproveitaram-se da ausência legislativa para naturalizá-lo. Este oportunismo deve, sem sombra de dúvidas, ser rechaçado pela FIFA.

Qual é o vínculo político (ou jurídico) que Liédson tem com Portugal para vestir a camisa de sua seleção? Eu fico me perguntando: Será que se o Liédson fosse vendedor, carpinteiro ou “peão” teria a mesma facilidade de obter essa naturalização?

Se o Brasileiro é, na grande maioria dos casos rejeitado em outros países e sofre até mesmo acusações baseadas na falácia de que “está roubando o emprego do nacional”, o que acontece no Futebol de hoje é inversamente proporcional ao mundo real, onde este mesmo brasileiro, por saber chutar uma bola, é recebido de braços abertos e considerado verdadeiro herói pelo povo “naturalizador”.

A questão da naturalização não pode ser apresentada como classificados, onde cada seleção observa as carências que tem e abre um jornal atrás de jogadores que supram sua deficiência.

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