quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Adaptação

Uma reclamação muito recorrente - desde os fãs juvenis da série “Crepúsculo” até os ávidos leitores dos grandes clássicos - pode ser resumida pelo famoso bordão: “O livro é bem melhor do que o filme”.

Eu mesmo já me peguei por diversas vezes decepcionado, prometendo nunca mais fazer a besteira de ver a adaptação de um livro para o cinema. Mas será que esta comparação é justa?

Um escritor pode usar diversas páginas para fazer a caracterização dos personagens, montar o cenário perfeito para trama e desenvolver aos mínimos detalhes todo enredo da estória. Tudo é feito por uma pessoa, que toma todas as decisões importantes daquele trabalho específico.

Quando se trata de cinema, há uma espécie de “telefone sem fio”. Começa quando um roteirista vai transformar aquelas centenas de palavras do livro em ações (o chamado roteiro) com no máximo cento e vinte páginas.

Só depois o diretor vai filmar o livro, ou ao menos a adaptação do mesmo. Um diretor tem que contar tudo aquilo em 2 horas. Além disso, ele não consegue fazer tudo isto sem trazer, ao menos um pouco, sua visão pessoal para a obra daquele escritor. Dá pra esperar que o resultado seja o mesmo?

Impossível falar deste assunto sem lembrar-se da adaptação de “Laranja Mecânica” feita pelo diretor Stanley Kubrick para a obra do escritor Anthony Burgess. Um dos motivos da polêmica se deu principalmente pelo fato do diretor ter alterado o final do livro, além de suprimir o último capítulo.

O escritor detestou o filme que chegou a adaptar seu livro em uma peça de teatro onde um personagem com o rosto de Kubrick era espancado. Apesar da polêmica, acho que Kubrick fez um excelente trabalho, talvez sua obra prima.

Considero que o diretor de “Obrigado por fumar” foi extremamente feliz ao adaptar o livro homônimo, mas também penso que um dos fatores determinantes para este grande feito é a superficialidade do livro – o que de modo algum reduz os elogios que fiz anteriormente ao diretor.

Tanto o livro quanto uma película são formas diferentes de arte, de modo que exigir uma coincidência total é negar a característica própria de cada uma delas. Seja como for, segue abaixo alguns exemplos de livros que viraram filmes:

O Iluminado, Crepúsculo, Caçador de Pipas, Apocalipse Now, Coração das Trevas, Senhor dos Anéis, Memórias de uma gueixa, O Grande Gatsby, Código da Vinci, Obrigado por fumar, O Conde de Monte Cristo, Frankenstein, Harry Potter, Troia, Menina de Ouro, Grinch, O Planeta dos Macacos, Os 3 Mosqueteiros, O Retrato de Dorian Gray, De olhos bem fechados, Fora de Rumo, Onde vivem os monstros, A Espera de um milagre, O Homem Bicentenário, O Curioso caso de Benjamin Button, Cheiro do Ralo, Ensaio sobre a cegueira, entre outros...

2 comentários:

Sunda disse...

Mazitu, tem mostrado que entede pra cassete de cinema e literatura. Bacana o texto!

Mazitu disse...

Apesar de estar bem longe de ser um "expert" no assunto, valeu pelo elogio, Sunda! Abração

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