quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Não é o que você quer, e sim o que você pode fazer...

Quando criança, eu queria os bonecos do He-man. Consegui a coleção completa. Mas aí foi chegando a adolescência, guardei a coleção toda numa caixa e fui jogar bola na rua. Ficar com os amigos era o que importava. Minha maior preocupação era chegar na hora na escola e ganhar o jogo de futebol no recreio. Com o tempo, jogar futebol se tornou desinteressante e comecei a praticar outros esportes. Até encontrei um que eu quis me dedicar, mas infelizmente nem sempre o que você quer é o que você pode.
Assim eu deixei para trás o meu primeiro sonho...

Durante a adolescência, as relações amorosas (ou mesmo a falta delas) marcaram. Aventuras mal-conduzidas e experiências mal-sucedidas. Normal, como deveria ser. O tempo foi passando e a pressão dos pais foi crescendo. De repente eu tinha que decidir quem eu era, o que eu gostava de fazer e quem eu queria ser. Decisão difícil, porque eu era um moleque encrenqueiro, gostava de ficar à toa e não gostava de trabalho. Mesmo assim fiz o vestibular e escolhi uma profissão para seguir "construindo" o futuro. Até então todos os passos estavam desenhados para mim. Eram uma regra. Não adiantava decidir por outro caminho. Até porque não sabia quais caminhos eu poderia seguir. O que eu podia fazer? Durante a faculdade surgiram novos paradigmas, novos relacionamentos e um sentimento de impotência que duelava com a esperança de sucesso. O sentimento de impotência sempre foi mais próximo e real, mas a esperança de conquistar o mundo é sempre boa, ainda mais quando instigada. O tempo na faculdade foi chegando ao fim e a expectativa do primeiro emprego foi crescendo. A ansiedade pelo sucesso deu lugar ao desespero do fracasso. A incerteza do próximo passo foi assustadora. Mais uma vez fiz o que pude e não o que eu quis.
Assim eu deixei para trás o meu segundo sonho...

O mundo à minha volta foi mudando. Os amigos foram seguindo caminhos diferentes, se afastando. Mudei de emprego. Os desejos já não eram os mesmos e os objetivos precisavam ser repensados. Mais incerteza, mais expectativa, mais desespero. Fui demitido pela primeira vez. Não é uma sensação boa, mesmo quando você não gosta do trabalho. Mais uma vez era hora de pensar o que eu queria fazer. Talvez se o mundo não tivesse mudado tanto, se os objetivos não tivessem que ser repensados tantas vezes, se as pressões da vida adulta não crescessem tão vertiginosamente, se as necessidades não mutassem com tamanha rapidez, talvez eu conseguisse o que queria. O que eu não queria era acreditar que o que se quer fazer não importa, porque o que se quer perpassa necessariamente pelo que se pode.
Assim eu deixo para trás o meu terceiro sonho...

Um comentário:

Sunda disse...

O mundo é um moinho

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